Esta é aquela parte em que esfregamos a lâmpada e temos três desejos, e um deles é que nenhuma criança sofra como tu sofreste, que nenhuma criança passe sequer um décimo do que tiveste de passar.
Continuo sem “acreditar” que um dos nossos maiores receios aconteceu… digo nossos porque sei que milhares de pessoas seguiam a tua história, a tua batalha e a tua coragem, e tenho a certeza de que ninguém queria este desfecho. Não te conheço pessoalmente, mas já tive a oportunidade de conhecer uma parte da tua família. Não és meu familiar, filho de amigos ou conhecidos, e nem tão pouco meu filho, mas com duas crianças de quase 3 e 5 anos, com vários sobrinhos entre os 18 meses e os 10 anos, nem quero sequer pensar, não tenho coragem de pensar, o que tu e os que mais te acompanharam nesta cruzada sofreram e estão a passar.
Já chorei, já tive vontade de atirar tudo ao ar e de vir a correr para casa agarrar o S. e a C. Já pensei que se algo do género me acontecesse, um dos meus maiores medos se teria concretizado.
Não me lembro bem como conheci a tua história, ou melhor quando, mas sei que algures no final do ano passado/início deste me cruzei contigo. Não sei se fiz imediatamente “Gosto” na tua página, acredito que não, não por egoísmo, mas porque se trata de um dos nosso maiores medos é normal “fugirmos”. Não sei também quando partilhei pela primeira vez a tua história, numa de apelar a todos os que podem doar medula para se tornarem dadores, mas lembro-me porque é que partilhei… Em determinada altura pensei “Se fosse meu filho, da minha família, tenho a c-e-r-t-e-z-a de que quereria que todos partilhassem e ajudassem. Tenho a certeza de que faria TUDO ao meu alcance para tentar encontrar uma solução.
Lembro-me de estar em Sevilha deitada à noite no quarto a ver o Facebook, de ler mais um dos posts que a tua família postava na tua página, e de sentir um aperto enorme, de sentir uma vontade imensa de poder fazer alguma coisa, de te poder ajudar a ti e a todos aqueles que já passaram por aquilo que passaste. Foi neste dia, a 11 de Abril deste ano que se chegou à conclusão de que em Portugal já não havia mais nada a fazer. Que à luz da ciência atual tudo tinha sido feito e que eras resistente à quimioterapia. Ironia ou não, dias depois já em Lisboa, a S. fala-me de ti e pergunta-me se quero ajudar a organizar um evento a teu favor, evento esse que tinha como objetivos principais angariar dinheiro para que a tua mãe pudesse procurar ajuda além-fronteiras e dar-te melhor qualidade de vida. Queríamos também sensibilizar toda a comunidade do Facebook e da blogosfera no sentido de se tornarem dadores de medula e a adesão foi brutal. Todos quiseram ajudar, o número de pessoas que se tornaram dadores foi fantástico e isso foi uma grande vitória. O Todos por Um repetiu-se umas semanas depois no Porto e foi novamente um sucesso. Ia acompanhando a tua evolução através da informação que a tua família nos dava e a esperança começou a crescer quando aos poucos os teus valores bioquímicos iam melhorando.
Ainda hoje de manhã tive notícias tuas e fiquei contente, mas também hoje, cerca das 16h o pior dos receios confirmou-se através de uma mensagem. Ironia ou não, a mesma pessoa que me desafiou a integrar a equipa do Todos por Um estava comigo nesse momento.
Podia continuar a escrever, tenho muito, mas muito mais para te dizer e vou dizer-te através dos meus pensamentos porque sei que estarás para sempre no nosso coração!
Descansa em paz e que Deus te ilumine a ti, à tua Mãe e à tua família.
Um beijinho enorme, do tamanho do mundo.
3 Comments
……….. :O(
Sem palavras……
O peso da dor que aquela mae carrega é inimaginável :((
Descansa em paz Rodrigo.
ohhhhhh que desfecho tão triste!!
Descansa em paz Rodrigo!
Um beijinho muito grande