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Mães exaustas

03/07/2017

Exaustão. Sensação de cansaço extremo, acima de tudo psicológico. A cabeça parece que vai rebentar a qualquer momento, mas não dói, é uma sensação de pressão e vazio ao mesmo tempo. Dificuldade de concentração e em assimilar mensagem simples.
Senti isto pela primeira vez quando o Salvador nasceu, ou melhor, passado mais ou menos uma semana, quinze dias, não sei precisar. Eram sete da tarde e tinha visitas em casa. Parecia que eram cinco da manhã tal era o cansaço físico e psicológico. Falta de sono, dormir em tracejado, fizeram de mim outra pessoa. Lembro-me deste dia como se fosse hoje, do que sentia e da sensação de desespero.
Sempre dormi muito pouco, umas cinco ou seis horas era suficiente, sentia-me sempre fantástica, no auge. Adorava estudar à noite, rendia muitíssimo, e por isso fazer a faculdade foi muito tranquilo. Sempre gostei de silêncio, não só para estudar mas também para relaxar. Ainda hoje sou assim.
Três filhos, vida familiar, profissional, muitas responsabilidades, o blog, responder a mil e um emails, mensagens, solicitações, pelo menos duas horas e meia no trânsito por dia (exceto agora, em que meia cidade de Lisboa está de férias), ter cabeça para criar, escrever, desenvolver ideias, a confusão de chegar a casa, de conseguir estar com eles, e mais tarde que vão para a cama descansar… O dia termina aqui porque adormeço quando os vou deitar, ou passa inevitavelmente pelo computador, iPhone, etc, etc. Ver uma série ou um filme, estar no sofá sem fazer nada é luxo para mim, por isso o meu conceito de descansar é literalmente “não fazer nada”. Ter tempo para estar só comigo, no vazio, no exercício de arrumar as ideias é essencial e ultimamente tenho tentado fazer por isso, mas não tem sido suficiente.
A necessidade de silêncio é cada vez maior, o simples barulho da máquina de lavar louça, que ouço todas as noites quando estou a jantar, é como picaretas para o meu cérebro. Fechar a porta da cozinha quando estou a jantar melhora o estado de irritação mas não é suficiente. Os mais pequenos barulhos – os constantes – tiram-me do sério e é aqui que percebo que o problema sou eu. Sempre convivi com estes sons e nunca me incomodaram, até há uns meses atrás.
Estou exausta, a precisar de férias de tudo e de todos. Já pensei em apanhar um avião e sair daqui um fim de semana, em modo cura de sono e livre de obrigações, para tentar equilibrar a mente. É aqui que a razão vem ao de cima e penso que vou ser castigada por me estar a queixar de problemas que não existem, que há mil e uma mulheres no mundo a passar por situações que nem nos passam pela cabeça e que isso sim, é motivo para estar exausta psicologicamente.
Já só faltam três semanas para estar de férias, por isso, vou fazer por aguentar até lá da melhor forma. Depois é aproveitar as duas semanas que vou poder estar em modo slow motion, já que o “não fazer nada” não é possível por motivos mais do que óbvios.
Sou só eu que ando assim?!

Créditos: Adriana Morais Fotografia.

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5 Comments

  • Reply Daniela 03/07/2017 at 21:38

    Como a compreendo… Por aqui igual mal posso esperar pelas férias que nunca chegam a ser férias de tudo pois a Francisca tem a mesma idade do Vicente 😆. Às vezes mando-a brincar na rua com o pai e faço um café, sento-me no sofá com a TV desligada enquanto bebo o café, são só uns minutinhos mas fazem milagres. A minha paciência também está tão reduzida que reajo muito mal a tudo, principalmente birras 😕. Um beijinho grande e boa sorte

  • Reply Vanda Dias 04/07/2017 at 07:41

    Estou igual igual… ontem até disse à minha filha mais velha "A mãe agora não consegue…" e isto era somente responder a uma das muitas perguntas! Fui para a cama ainda não eram 21h e acordei novamente exausta com a minha querida enxaqueca que teimou em ficar! Tentarei dar a volta… Temos de conseguir! Força ��

  • Reply Celia Lopes 04/07/2017 at 07:58

    Sinto -me assim sem filhos…
    Estou por isso em posição de "vantagem" em relação às mães.
    Mas este texto retrata muito bem os meus medos de ser mãe e o porquê de cada vez menos querer.
    Tenho muito medo de olhar um filho um dia e pensar que se ele não existisse, a minha vida estaria melhor. Não vejo arrependimento algum no texto, mas não sei se aconteceria comigo ou não. Sei que já o ouvi da boca de várias pessoas, que amam os seus filhos, e senti-me muito mal.

  • Reply Partilhas! 04/07/2017 at 10:22

    Respondendo à sua pergunta, Não, não é a única!

    Desde agosto do ano passado que não tenho férias, nem escapadelas nos fins de semana. O ano passado as férias foram divididas em dois períodos de 2 semanas, no primeiro período, o de julho, o meu mais novo (7 anos) partiu o braço uma semana antes das férias começarem, logo tivemos de adaptar as férias a ele, não houve praia, nem piscina, passear , conhecer novos (ou revisitar)lugares foi o mote para este período de férias.
    No segundo período, agosto, já livre de gessos, houve muito campo e piscina, mas 5 dias antes das férias acabarem, novamente o mais novo, ficou com uma amigdalite foi assim que acabaram as férias o ano passado.

    Logo estou muito ansiosa para as deste ano, já só faltam 17 dias!

    beijinhos
    SJ

  • Reply António Vidal 06/07/2017 at 21:36

    Se dorme e mesmo assim acorda exausta podera estar em burn out, deveria consultar um medico de medicina geral e pedir para fazer um check up . Beijinho e as melhoras!

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